.

‘Afluentes’ é uma instalação interativa onde a soma das individualidades de cada participante leva ao resultado amplificado das potências de cada um. A intenção é mostrar como cada pessoa tem o poder de influenciar o percurso dos processos coletivos, alterando seu fluxo e indicando novos caminhos. Cada interação individual é sobreposta às dos outros participantes criando uma síntese colaborativa que resulta na geração de sons e imagens em tempo real.

Em termos práticos, a instalação é composta por três sensores de batimento cardíaco, um alto-falante, um recipiente com água, uma câmera e um projetor. Por meio dos três sensores a ele acoplados, um microcontrolador arduino recebe a informação e a transforma em som, onde a frequência de cada sensor gera um som diferente, que é sintetizado em tempo real pelo microcontrolador. Este som é amplificado por um alto-falante posicionado com a “boca” para cima, com um recipiente com água em cima dele.

Por meio de um fenômeno chamado cimática (https://en.wikipedia.org/wiki/Cymatics), as ondas sonoras que saem do alto-falante são traduzidas em padrões de movimento na água, criando uma visualização do som. Quando um segundo interator começa a participar com o seu batimento, os padrões gerados passam a ser a soma das duas frequências, alterando a imagem que se forma no recipiente com água. O mesmo acontece quando entra o terceiro participante.

A intenção da obra é apontar como a participação de cada um é vital para a concretização do todo, que neste caso é materializado em som e imagem. Cada mínima variação no batimento de um dos participantes leva à criação de novos padrões sonoros e visuais, modificando radicalmente o resultado final.

Venho trabalhando com instalações e performances audiovisuais há mais de 15 anos, buscando criar relações entre som e imagem que de alguma forma dialoguem com comportamentos humanos. Formas, sons, movimentos, frequências – cada parâmetro audiovisual que utilizo em meu trabalho mantém uma relação poética com ações, sentimentos e processos do nosso cotidiano como seres humanos.

Neste momento atual onde a sociedade está cada vez mais dividida e separada em lados opostos e dissonantes, gostaria de propor um trabalho onde a cooperação entre diferentes tem por objetivo um resultado coletivo; onde cada participante tenha o seu valor reconhecido, independente de qualquer característica física ou psicológica. Uma combinação entre indivíduos onde todos tem a mesma importância; onde o ritmo do batimento de cada coração cria um fluxo de sons e imagens que deságuam em novos padrões visuais e sonoros, criando uma obra essencialmente participativa.

Esta obra é também a continuação de um trabalho que produzi em 2015 utilizando a técnica da cimática, porém aqui utilizada de maneira completamente distinta.

A instalação também faz parte do meu processo de pesquisa dentro da Visual Music, uma maneira de tratar imagens valorizando suas características em comum com a música.

________________
[ENGLISH]

‘Afluentes’ is an interactive installation where the sum of each participant’s individualities leads to the amplified result of each one’s powers. The intention is to show how each person has the power to influence the course of collective processes, changing their flow and indicating new paths. Each individual interaction is superimposed on those of the other participants, creating a collaborative synthesis that results in the generation of sounds and images in real time.

In practical terms, the installation consists of three heart rate sensors, a speaker, a container with water, a camera and a projector. Through the three sensors attached to it, an Arduino microcontroller receives the information and transforms it into sound, where the frequency of each sensor generates a different sound, which is synthesized in real time by the microcontroller. This sound is amplified by a speaker positioned with the “mouth” upwards, with a container of water on top of it.

Through a phenomenon called cymatics (https://en.wikipedia.org/wiki/Cymatics), the sound waves coming from the speaker are translated into patterns of movement in the water, creating a visualization of the sound. When a second interactor begins to participate with its beat, the patterns generated become the sum of the two frequencies, altering the image that is formed in the container with water. The same happens when the third participant enters.

The intention of the work is to point out how each person’s participation is vital for the realization of the whole, which in this case is materialized in sound and image. Every slight variation in the beat of one of the participants leads to the creation of new sound and visual patterns, radically modifying the final result.

I have been working with audiovisual installations and performances for over 15 years, seeking to create relationships between sound and image that somehow dialogue with human behaviors. Shapes, sounds, movements, frequencies – each audiovisual parameter that I use in my work maintains a poetic relationship with actions, feelings and processes of our daily lives as human beings.

In this current moment where society is increasingly divided and separated into opposing and dissonant sides, I would like to propose a work where cooperation between different people aims at a collective result; where each participant has their value recognized, regardless of any physical or psychological characteristic. A combination between individuals where everyone has the same importance; where the rhythm of each heartbeat creates a flow of sounds and images that flow into new visual and sound patterns, creating an essentially participatory work.

This work is also the continuation of a work I produced in 2015 using the cymatics technique, but used here in a completely different way.

The installation is also part of my research process within Visual Music, a way of treating images by valuing their characteristics in common with music.